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domingo, 10 de novembro de 2013

UMA EXPERIÊNCIA NA SALA DE MULTIMÍDIAS


“VIDA DO LIXO”
Trabalhando o Filme de Curta Metragem: “Ilha das Flores”
Professora: Glycia Wanderley Costa
Instituição: Escola de Ensino Fundamental João XXIII
Município/Estado: Maceió / AL
Rede: Municipal
Nível de Ensino da Turma: Ensino Fundamental I
Faixa Etária da Turma: de 9 a 15 anos
Disciplinas: Língua Portuguesa, Ciências, História, Informática, Artes e Ensino Religioso
Temas Transversais: Ética, Saúde, Trabalho e Consumo, Educação Ambiental
Número de Alunos: 30 alunos
 
OBJETIVOS DO USO DO FILME:
Ampliar conhecimentos já trabalhados em sala de aula, não só este ano, mas nos anos anteriores.
Tornar os alunos críticos e participativos diante de fatos que acontecem na sociedade em que estão inseridos.  
Resgatar nos nossos alunos a valorização de virtudes e valores.
Compreender a importância das atitudes individuais e coletivas para a preservação, conservação e uso racional do planeta.
Valorizar o trabalho do homem e a capacidade de ações críticas e cooperativas, contribuindo para a formação cidadã.
Valorizar a saúde individual e coletiva.
Identificar diferentes ações humanas prejudiciais ao ambiente e conhecer ações alternativas menos danosas.
Promover a disseminação do conhecimento adquirido na escola entre a comunidade (pais, amigos, parentes vizinhos).
 
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES ENVOLVENDO O FILME / COMENTÁRIO DOS RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA
 
RELATO DA EXPERIÊNCIA 
       Formar alunos críticos e participativos, além de conhecedores dos saberes próprios das disciplinas curriculares, é uma tarefa constante no meu dia a dia. Busco durante todo o ano letivo levar aos meus alunos, conhecimentos que envolvam valores vinculados à cidadania.
            Escolhi o filme de curta-metragem “Ilha das Flores”, pois com ele percebi inúmeras possibilidades de trabalho em diversas áreas de conhecimento, mas optei por desenvolver capacidades nas crianças, no que concerne à valorização de virtudes, tais como: o diálogo, a conscientização, o respeito, a solidariedade, a responsabilidade e a tolerância para com o ambiente e todos os seres vivos.        
            Pelo problema da falta da internet na época da realização na escola, essa experiência foi iniciado com o estudo do poema “O bicho”, de Manoel Bandeira; fizemos análises orais e digitadas voltadas para a compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva e ambiental.
            Em outro momento, o filme “Ilha das Flores”, foi exibido juntamente com o documentário “O lixão sai, a gente fica”. Produzido aqui em Maceió, nossa cidade, que é um documentário do Projeto “Catadores, vida e cidadania”, após a exibição foi aberto um amplo debate sobre as condições de vida de quem “Vive do lixo” e a resistência deles pelo direito à moradia (no lixão), onde após a sua extinção pela prefeitura os catadores vivem um momento em que precisam reconstruir suas referências e suas vidas. As exibições sensibilizaram muito as crianças e causou um forte impacto nos alunos, eles ficaram impressionados com a miserabilidade que assistiram.
O filme “Ilha das Flores” permitiu aos alunos do 5º ano A, a ampliação e o enriquecimento sobre os cuidados que devemos ter com a natureza, com o uso dos seus recursos (água, ar, matas, solo, animais), além da situação de miséria de vários seres humanos. Com o título fizemos um paralelo entre a ficção e a realidade, a turma refletiu amplamente e constatou a condição degradante que muitos seres humanos vivem; discutimos intensamente sobre o ambiente, lixo e educação ambiental, assuntos que nos põe todo o tempo em reflexão sobre o que pensamos, o que fazemos e com o que podemos contribuir.
            Motivados pelos vídeos, foi proposto pelos alunos uma visita ao lixão existente no bairro da nossa escola. Elaboramos perguntas e eles digitaram as entrevistas no editor de texto e traçamos estratégias para entrevistar moradores e pessoas que trabalham no lixão.
Foram realizadas leituras diversas sobre a temática “preservação do ambiente” e um texto destacado foi Discurso da Terra, de Marcelo R. L. Oliveira, publicado na revista Ciência Hoje / Setembro 2007.
            Ainda motivados por essa experiência, levamos as crianças do 5º ano A  por sugestão delas próprias (crianças), para um passeio pelas ruas adjacentes da escola e depois conduzidos por eles fomos até o bairro do Reginaldo. Passamos por três lixões de proporções diferentes, um deles logo na esquina da escola, descemos ladeira abaixo, lugar de difícil acesso, com grotas,barreiras, enfim nos deparamos com um segundo lixão, este de médio porte, onde se iniciou uma gama de entrevistas, filmagens e fotografias realizadas pelos próprios alunos, previamente orientados nas aulas de informática. Quase no fim da primeira entrevista com D. Maria feita pelas crianças, vimos um carro de mão sendo conduzido por um gari da empresa Limpel, abarrotado de sacos de lixo, oriundos do 1º lixão que encontramos na esquina da nossa escola e de outros lugares adjacentes. Saímos correndo atrás dele e do lixo (risos) para ver o seu destino. Foi quando nos deparamos com o terceiro lixão,esse sim, pode ser chamado de LIXÃO pela quantidade de lixo, lama e de muitos animais vivos e mortos, tais como: moscas, baratas, ratos, mosquito, cavalo, cachorro etc.
            Conseguimos uma entrevista com o gari, que não parou nem por um minuto o seu trabalho para falar, era respondendo e jogando os sacos de lixo dentro de um contêiner, que por sua vez já estava inchado e transbordando de tanto lixo. Um cheiro insuportável, com tanta coisa podre e deteriorada esparramadas pelo chão, as crianças ficaram horrorizadas a tal ponto de fecharem o nariz e duas tiveram ânsia de vômito.
            Partimos para a Mercearia do Sr. Messias que nada mais e nada menos se localiza na porta do LIXÃO ou não sabíamos se era o LIXÃO que estava localizado na porta da mercearia... As crianças filmaram a entrevista que fizeram com o Sr. Messias, onde o mesmo mostra sua indignação com a lama, lixo e imundície gritantes, especialmente nesse tempo de chuva, como também do mau cheiro e das doenças que são transmitidas.
            As crianças perceberam, comentaram e refletiram sobre a revolta dos moradores que foram entrevistados com relação ao descaso das autoridades, o crescimento da sujeira, imundície, mau cheiro e da sub-condições de vida dos moradores da região.
            Visitamos algumas casas da comunidade, familiares de alunos da nossa escola, para entrevista e conscientização da coleta seletiva, destino e tratamento do lixo.
            Ao chegarmos à escola, assistimos aos vídeos realizados por eles, olhamos as fotos, fizemos mil comentários e por sugestão dos alunos, iremos juntos levar os vídeos, fotos e este relato para as autoridades competentes e órgãos de divulgação da cidade, com o compromisso de darmos continuidade a essa conscientização, aos pais, familiares e comunidade de nossa escola.
            Entusiasmada pelo resultado positivo dessa experiência e encantada pelo interesse e envolvimento de todas as crianças, percebi que ela abre um leque de inúmeras possibilidades de trabalho em todas as disciplinas durante todo o ano letivo, por isso nos comprometemos com a sua continuidade, envolvendo outras turmas e complementando-o ainda com a exibição de um filme baseado no mesmo tema, que se chama “Brinquedo mágico”.
             Concluímos que não podemos e nem devemos cruzar os braços diante de fatos que nos são revelados constantemente pela história da espécie humana no planeta Terra, porque o tempo requer providências imediatas.
            Se seguirmos o capítulo VI – Artigo 225 da Constituição Brasileira, sobre Direitos e Deveres:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
            Com certeza, tudo seria bem diferente.
 
             RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA
 
       O resultado foi satisfatório. O trabalho foi bem desenvolvido com os alunos, ficamos com acervos de fotos, vídeos das entrevistas disponíveis para outros educadores, que se interessarem.
Saliento que a ênfase dada a esse trabalho causou um forte impacto em todos os envolvidos (alunos, professores, comunidade). A transformação de hábitos e principalmente atitudes está sendo visível e muito salutar para ajudar ainda mais o ambiente, que é um bem de todos.
 Realização: Profª Glycia Wanderley Costa e Profª Jacqueline – Escola Municipal de Ensino Fundamental João XXIII
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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