“VIDA DO LIXO”
Trabalhando o Filme de Curta
Metragem: “Ilha das Flores”
Professora: Glycia Wanderley
Costa
Instituição: Escola de Ensino
Fundamental João XXIII
Município/Estado: Maceió / AL
Rede: Municipal
Nível de Ensino da Turma:
Ensino Fundamental I
Faixa Etária da Turma: de 9 a
15 anos
Disciplinas: Língua
Portuguesa, Ciências, História, Informática, Artes e Ensino Religioso
Temas Transversais: Ética,
Saúde, Trabalho e Consumo, Educação Ambiental
Número de Alunos: 30 alunos
OBJETIVOS DO USO DO FILME:
Ampliar conhecimentos já
trabalhados em sala de aula, não só este ano, mas nos anos anteriores.
Tornar os alunos críticos e
participativos diante de fatos que acontecem na sociedade em que estão
inseridos.
Resgatar nos nossos alunos a valorização
de virtudes e valores.
Compreender a importância das
atitudes individuais e coletivas para a preservação, conservação e uso racional
do planeta.
Valorizar o trabalho do homem
e a capacidade de ações críticas e cooperativas, contribuindo para a formação
cidadã.
Valorizar a saúde individual
e coletiva.
Identificar diferentes ações
humanas prejudiciais ao ambiente e conhecer ações alternativas menos danosas.
Promover a disseminação do
conhecimento adquirido na escola entre a comunidade (pais, amigos, parentes
vizinhos).
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES ENVOLVENDO O
FILME / COMENTÁRIO DOS RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA
RELATO DA EXPERIÊNCIA
Formar
alunos críticos e participativos, além de conhecedores dos saberes próprios das
disciplinas curriculares, é uma tarefa constante no meu dia a dia. Busco
durante todo o ano letivo levar aos meus alunos, conhecimentos que envolvam valores
vinculados à cidadania.
Escolhi o filme de curta-metragem “Ilha
das Flores”, pois com ele percebi inúmeras possibilidades de trabalho
em diversas áreas de conhecimento, mas optei por desenvolver capacidades nas
crianças, no que concerne à valorização de virtudes, tais como: o diálogo, a
conscientização, o respeito, a solidariedade, a responsabilidade e a tolerância
para com o ambiente e todos os seres vivos.
Pelo problema da falta da internet
na época da realização na escola, essa experiência foi iniciado com o estudo do
poema “O bicho”, de Manoel Bandeira; fizemos análises orais e
digitadas voltadas para a compreensão da realidade social e dos direitos e
responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva e ambiental.
Em outro momento, o filme “Ilha
das Flores”, foi exibido juntamente com o documentário “O
lixão sai, a gente fica”. Produzido aqui em Maceió, nossa cidade, que é
um documentário do Projeto “Catadores, vida e cidadania”, após a exibição foi
aberto um amplo debate sobre as condições de vida de quem “Vive do lixo” e a
resistência deles pelo direito à moradia (no lixão), onde após a sua extinção
pela prefeitura os catadores vivem um momento em que precisam reconstruir suas
referências e suas vidas. As exibições sensibilizaram muito as crianças e causou
um forte impacto nos alunos, eles ficaram impressionados com a miserabilidade
que assistiram.
O
filme “Ilha das Flores” permitiu aos
alunos do 5º ano A, a ampliação e o enriquecimento sobre os cuidados que
devemos ter com a natureza, com o uso dos seus recursos (água, ar, matas, solo,
animais), além da situação de miséria de vários seres humanos. Com o título
fizemos um paralelo entre a ficção e a realidade, a turma refletiu amplamente e
constatou a condição degradante que muitos seres humanos vivem; discutimos
intensamente sobre o ambiente, lixo e educação ambiental, assuntos que nos põe
todo o tempo em reflexão sobre o que pensamos, o que fazemos e com o que
podemos contribuir.
Motivados pelos vídeos, foi proposto
pelos alunos uma visita ao lixão existente no bairro da nossa escola. Elaboramos
perguntas e eles digitaram as entrevistas no editor de texto e traçamos estratégias
para entrevistar moradores e pessoas que trabalham no lixão.
Foram realizadas leituras diversas sobre a temática
“preservação do ambiente” e um texto destacado foi Discurso da Terra, de
Marcelo R. L. Oliveira, publicado na revista Ciência Hoje / Setembro 2007.
Ainda motivados por essa experiência,
levamos as crianças do 5º ano A por
sugestão delas próprias (crianças), para um passeio pelas ruas adjacentes da
escola e depois conduzidos por eles fomos até o bairro do Reginaldo. Passamos
por três lixões de proporções diferentes, um deles logo na esquina da escola,
descemos ladeira abaixo, lugar de difícil acesso, com grotas,barreiras, enfim
nos deparamos com um segundo lixão, este de médio porte, onde se iniciou uma
gama de entrevistas, filmagens e fotografias realizadas pelos próprios alunos,
previamente orientados nas aulas de informática. Quase no fim da primeira
entrevista com D. Maria feita pelas crianças, vimos um carro de mão sendo conduzido
por um gari da empresa Limpel, abarrotado de sacos de lixo, oriundos do 1º
lixão que encontramos na esquina da nossa escola e de outros lugares
adjacentes. Saímos correndo atrás dele e do lixo (risos) para ver o seu
destino. Foi quando nos deparamos com o terceiro lixão,esse sim, pode ser chamado
de LIXÃO pela quantidade de lixo, lama e de muitos animais vivos e mortos, tais
como: moscas, baratas, ratos, mosquito, cavalo, cachorro etc.
Conseguimos uma entrevista com o
gari, que não parou nem por um minuto o seu trabalho para falar, era respondendo
e jogando os sacos de lixo dentro de um contêiner, que por sua vez já estava
inchado e transbordando de tanto lixo. Um cheiro insuportável, com tanta coisa
podre e deteriorada esparramadas pelo chão, as crianças ficaram horrorizadas a
tal ponto de fecharem o nariz e duas tiveram ânsia de vômito.
Partimos para a Mercearia do Sr.
Messias que nada mais e nada menos se localiza na porta do LIXÃO ou não
sabíamos se era o LIXÃO que estava localizado na porta da mercearia... As
crianças filmaram a entrevista que fizeram com o Sr. Messias, onde o mesmo
mostra sua indignação com a lama, lixo e imundície gritantes, especialmente
nesse tempo de chuva, como também do mau cheiro e das doenças que são transmitidas.
As crianças perceberam, comentaram e
refletiram sobre a revolta dos moradores que foram entrevistados com relação ao
descaso das autoridades, o crescimento da sujeira, imundície, mau cheiro e da
sub-condições de vida dos moradores da região.
Visitamos algumas casas da
comunidade, familiares de alunos da nossa escola, para entrevista e
conscientização da coleta seletiva, destino e tratamento do lixo.
Ao chegarmos à escola, assistimos
aos vídeos realizados por eles, olhamos as fotos, fizemos mil comentários e por
sugestão dos alunos, iremos juntos levar os vídeos, fotos e este relato para as
autoridades competentes e órgãos de divulgação da cidade, com o compromisso de
darmos continuidade a essa conscientização, aos pais, familiares e comunidade
de nossa escola.
Entusiasmada pelo resultado positivo
dessa experiência e encantada pelo interesse e envolvimento de todas as
crianças, percebi que ela abre um leque de inúmeras possibilidades de trabalho
em todas as disciplinas durante todo o ano letivo, por isso nos comprometemos
com a sua continuidade, envolvendo outras turmas e complementando-o ainda com a
exibição de um filme baseado no mesmo tema, que se chama “Brinquedo mágico”.
Concluímos que não podemos e nem devemos
cruzar os braços diante de fatos que nos são revelados constantemente pela
história da espécie humana no planeta Terra, porque o tempo requer providências
imediatas.
Se seguirmos o capítulo VI – Artigo 225 da Constituição
Brasileira, sobre Direitos e Deveres:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Com certeza, tudo seria bem
diferente.
RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA
O resultado foi
satisfatório. O trabalho foi bem desenvolvido com os alunos, ficamos com
acervos de fotos, vídeos das entrevistas disponíveis para outros educadores,
que se interessarem.
Saliento que a
ênfase dada a esse trabalho causou um forte impacto em todos os envolvidos
(alunos, professores, comunidade). A transformação de hábitos e principalmente
atitudes está sendo visível e muito salutar para ajudar ainda mais o ambiente,
que é um bem de todos.
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